30 ANTES DOS 30 ||
A VERDADE SOBRE O CASO HARRY QUEBERT

Fotografia da minha autoria



«Quem matou Nola Kellergan?»

Avisos de Conteúdo: Preconceito, Homicídio, Violência, 
Assédio, Abuso Sexual, Tentativa de Suicídio


A tragédia é sempre delicada e complicada de gerir, sobretudo, quando o desfecho fica em aberto; sobretudo, quando temos de superar uma perda atroz, mas sem sermos capazes de unir os laços que permanecem soltos, perpetuando as feridas e atribuindo poder às hipóteses mais surreais, que se sucedem no nosso coração, por força das circunstâncias. E foi com este pensamento que me aventurei no livro de Joël Dicker

«Não se enerve, todos os bons escritores 
passam por este género de momentos difíceis»

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert tem uma premissa entusiasmante, porém, não correspondeu às minhas expectativas. A escrita do autor é ótima, mas tive dificuldade em encaixar o enredo na categoria dos thrillers. Além disso, só o senti verdadeiramente viciante na fase final [talvez, nas últimas cem páginas], onde as reviravoltas foram surpreendentes. A parte da investigação intriga, mas existem camadas que, para mim, foram desnecessárias, atrasando a ação, porque se perdeu por rotas secundárias. Inclusive, acredito que deveria ter sido atribuído outro propósito e destaque a Nola Kellergan - afinal, é a peça central deste mistério.

«Ao chegar à porta da entrada principal, vi a mensagem 
que uma mão anónima ali deixara na minha ausência»

Perdoem-me se revelarei em demasia, mas sinto que o melhor desta história não é o caso policial em si. É, antes, a interação entre Harry e Marcus [«amigo e discípulo de Quebert»], visto que, por serem ambos escritores, nos proporcionam um contacto interessante com a escrita, os bloqueios literários, a estruturação de ideias, a síndrome da folha em branco e a efemeridade da glória. Em simultâneo, faz-nos refletir sobre o medo de não corresponder à imagem que os outros criaram sobre nós. Se fosse este o real foco da narrativa, tenho a certeza que a minha perceção e envolvência seria distinta - e certamente que me deslumbraria como esperava.

«Escrever um livro é como amar alguém: 
pode tornar-se muito doloroso»

Outro aspeto que considerei relevante foi a numeração dos capítulos, como se estivéssemos numa contagem regressiva. E é inegável que explora assuntos importantes, como as perturbações mentais, o assédio, os erros do passado [que influenciam o presente], os preconceitos e a linha ténue entre o amor e a obsessão, até porque permanece a dúvida sobre a pureza de uma relação amorosa, que nunca é desvendada na totalidade, mas que cresce nas entrelinhas. Num plano secundário, deambulamos por relações familiares disfuncionais.

«Tudo o que sei é que a vida é uma sucessão 
de opções que depois temos de saber assumir»

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert lê-se bem, mas quis dividir-se por tantos temas que se perdeu e enfraqueceu o impacto da história. Para além de todas as reviravoltas, achei algumas partes repetitivas e monótonas. E, sendo honesta, não considero justas as comparações com Stieg Larsson. Ainda assim, valeu a pena pelo entretenimento e humor. Não é, de todo, um livro a evitar. Simplesmente, não resultou comigo.

«A verdade não muda nada daquilo que podemos sentir 
por alguém. É o grande drama dos sentimentos»


|| Disponibilidade ||

Bertrand: Livro | Edição Limitada | eBook

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28 comments

  1. Nunca li nada do autor, mas já ouvi falar muito bem dos seus livros. Vou levar a sugestão.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Também foi a minha estreia e confesso que não fiquei arrebatada, mas tenho de lhe dar outra oportunidade, porque já li que tem livros melhores

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  2. Não conhecia mas fico com a sugestão para uma futura leitura.
    Aproveito para desejar um Excelente Ano de 2022.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  3. Andreia gostei muito de saber da sua opinião sobre o livro, Andreia bjs.
    http://www.lucimarmoreira.com/

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  4. Não conheço o livro. Acredito que tenha uma leitura muito interessante.
    .
    Votos de um Feliz Ano de 2022
    Cumprimentos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  5. Parece-me uma boa aposta! :)

    www.amarcadamarta.pt

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  6. Gostei bastante da sugestao :) Muito obrigada pela partilha <3

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  7. O que lhe posso dizer que ainda não conhecia de todo, mas sim parece ser mais uma boa opção para se conhecer
    Beijinhos
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  8. Quem é que comparou este ao Stieg Larsson, não tem nada que ver x) Eu gostei do livro mas de facto não se pode ir com mentalidade de "thriller", é lento e há lá muita página que podia desaparecer. Mas é um livro que vou querer reler daqui a uns anos :)

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    1. Uma das informações algo enganadoras que aparece na contracapa. Sou estilos completamente diferentes!
      Eu gostei de algumas partes, mas acho que ter partido para a leitura com a ideia que era um thriller acabou por condicionar a experiência. Além disso, acho que o caso não propriamente o foco central [ou perde-se em muitos assuntos que o ofuscam].

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  9. Desconhecia por completo!
    Obrigada pela partilha.
    Beijinho grande.

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  10. Gostei bastante do livro, mas li-o sem qualquer expectativa. Já o seguinte, O Livro dos Baltimore, ia com as expectativas no topo e achei super aborrecido :/

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    1. Pois, aconteceu-me o que te aconteceu com O Livro dos Baltimore :(
      Tenho de lhe dar outra oportunidade

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  11. Não é o género de livros que mais leio, mas fiquei intrigada :)

    https://sobomeuolhar7.blogspot.com/

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    1. Um gosto de um bom policial, de um bom thriller, mas este não me convenceu, confesso

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  12. Parabéns pelo blog, gostei de o conhecer e até já o segui :)
    Desejo-te muito sucesso para 2022. Beijinho

    https://sobomeuolhar7.blogspot.com/

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    1. Oww, obrigada, sê muito bem-vinda às Gavetas :D
      Espero que tenhas um excelente ano

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